segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O "papel de mãe"

Não sei bem o que é a sabedoria popular, mas ela é impressionante. Ela se manifesta de diversas formas, inclusive através dos ditados populares. Eles existem aos montes e servem para as mais variadas situações. Não importa o que esteja acontecendo, sempre tem um ditadozinho esperando para ser citado e, quase sempre, confirmado.

Alguns são específicos. Servem apenas para uma situação em particular. Outros são tão abrangentes que quase sempre são usados. É o caso de "rapadura é doce mas não é mole". Basta que a situação em questão seja difícil, mas traga uma boa recompensa, para que esteja apta a servir de palco para esse ditado brilhar. Cá para mim, o melhor palco para esse ditado é a vida de mãe. É uma vida tão, tão doce... mas não é mole.

Na verdade, quando digo que não é mole, nem estou considerando o esforço físico: pega no colo, dá banho, troca a roupa, dá a comida, escova os dentes, faz comida, pentei o cabelo, coloca pra dormir, lê histórias, relê histórias, faz a mamadeira, lava a mamadeira, esteriliza a mamadeira, guarda a mamadeira, compra fruta, faz suco, faz mingau, troca a fralda... ufa! Melhor parar a listagem por aqui. O esforço físico existe, mas a dificuldade de que falo está relacionada à responsabilidade pela educação de um filho. [Óbvio que acaba se misturando com os esforços físicos.]

Quer dizer, a responsabilidade de ensinar ao filho a importância de se escovar os dentes é algo que também inclui o fato de pegar a escova, colocar o creme dental e ir você mesma, durante os primeiros anos, escovar dente por dente do seu filho, incluindo a língua. Todos os dias, 2 a 3 vezes [ou mais]. E ainda tem o fio dental. Muitas vezes ele vai chorar, dizer que não quer, mas o trabalho precisa ser feito para que, mais tarde, você possa se orgulhar do lindo sorriso do seu filho e para que ele não sofra tendo que passar pelas "torturas" na cadeira do dentista. E é aqui que o dilema dificuldade X recompensa toma outra dimensão e se transforma em identificação X papel de mãe.

Quando um filho nasce, uma das coisas mais importantes que deve ocorrer na relação mãe-bebê é a identificação. É através dela que a gente "adivinha" que o bebê está com fome, com sono, com frio ou com calor. A gente fica tão conectada àquele ser que consegue "sentir o que ele sente", imaginar o que ele quer/precisa. Graças a ela, podemos suprir o nosso bebê de tudo o que ele precisa e a cada vez que isso acontece também nós, nos sentimos supridas, confortadas. Pode-se dizer que é através da identificação que a mulher se coloca no lugar do filho para, então, se colocar no lugar de mãe.

Mas nem tudo são flores... nós temos responsabilidades para com esta criança que devem ser cumpridas, ainda que isso signifique, muitas e muitas vezes, agir no sentido oposto ao que o filho deseja. Em outras palavras, apesar de saber o que seu filho deseja e ser capaz de "sentir" o desejo junto com ele, a mãe tem que cumprir o seu papel.

Na minha curta carreira de mãe, já passei inúmeras vezes por esta situação e a primeira vez que me dei conta [por experiência própria] desse dilema implícito de toda mãe foi quando perguntei ao pediatra se termômetros que mediam a febre pela testa (sem nem ao menos ter necessidade de tocar a pele do bebê) eram seguros. Ele me olhou parecendo não ter entendido bem a pergunta: "Mas por que está me perguntando isso? Use os termômetros de pôr embaixo do braço mesmo. Eles são bons". Eu respondi: "Mas é que o Dudu chora muito e não me deixa colocar de jeito nenhum. Ele se mexe bastante". Lembro bem que o que ele disse depois era tão óbvio que me fez sentir uma boba: "É só colocar o termômetro embaixo do braço dele e segurá-lo por alguns segundos. Ele tem 1 ano. Você é muito mais forte do que ele. Não machuca nada. Na verdade, não tem nenhum efeito direto ou colateral a não ser o fato de te informar a temperatura do seu filho, o que é de grande importância".

Tão simples. Ele tinha toda razão! Mas por que me custava tanto? Resposta: porque naquele momento eu estava inteiramente identificada com meu filho e não conseguia sair desse lugar e ocupar o lugar de mãe, com o dever que isso implica - neste caso, avaliar a temperatura do meu filho. Eu não sei o que ele sentia quando eu tentava colocar o termômetro, mas, fosse o que fosse, eu sentia o mesmo. E não conseguia sair dali. E isso que é duro: eu tenho que sair e fazer o que se espera, exercer esta parte que me cabe como mãe.

[Estou falando aqui de uma situação em que facilmente se percebe essa encruzilhada no caminho do ser mãe. Quantas e quantas outras situações tão sutis passam completamente despercebidas... Lembro de uma passagem de um livro que li: uma mãe diz ao psicólogo estar preocupada com o fato do filho só fazer coco no box do banheiro. A única intervenção do psicólogo foi perguntar: "E você deixa?". Resultado: Nunca mais a criança fez coco no box.]

É por isso que é tão difícil, muitas vezes, dizer não ao filho ou manter uma decisão diante do choro inconsolável dele. Aos olhos dos outros, mãe que cede à birra do filho não tem autoridade, é boba e todas as outras críticas tão comuns - que todos sabem quais são, afinal, quem nunca criticou uma mãe nessa situação que atire a primeira pedra. O que não se sabe é da identificação da mãe com o filho e dos motivos dela.

Encontrar o equilíbrio entre a identificação com o filho e o seu papel de mãe é um grande desafio que a gente trava com a gente mesma sem nem ao menos saber. Mas não é o único. Também pode acontecer o exato oposto do que já foi dito aqui e a insistência em agir supostamente segundo o "papel de mãe" seja só uma desculpa para perpetuar antigas práticas familiares, para obter gozo do exercício de um poder que se deseja sentir ou até uma vingança velada.

Explico melhor: criança não pode fazer muita coisa porque é perigoso ou impróprio para a sua idade e cabe à mãe zelar para que ela não o faça. Por isso, mãe também tem que saber dizer não. Essa é a saída da identificação tão difícil de que falei até agora. Ocorre que, muitas vezes, mães dizem não para seus filhos, e o mantém custe o que custar, sem que realmente o não seja necessário.

"Não pode sair da mesa até que coma todo o peixe!" - é a prática familiar que a mãe vivenciou e que repete com o filho, sem se questionar sobre a conveniência atual dela. Será mesmo que o filho precisa comer todo o peixe? Sempre? Esse é um exemplo simples de como a função de mãe é usada para impor regras passadas de geração em geração, sem que questionamentos sejam feitos. Por que meu filho não pode ter o direito de não querer comer essa ou aquela comida hoje ou amanhã, de não gostar de determinada fruta? Ainda mais considerando que todo mundo não tem vontade de comer peixe alguns dias ou não gosta mesmo de determinada fruta...

Usando este mesmo exemplo, que bela maneira de exercer poder sobre outra pessoa, ainda que essa pessoa seja uma criança indefesa?! Assim é que se pode "compensar" a incapacidade de gerir pessoas no trabalho ou a passividade diante do chefe, de outros amigos, de outras situações. O filho não tem alternativa a não ser se submeter. E nós [pais] nos regozijamos pela sensação de total poder. "Viram como ele me obedece?!"

Há ainda ocasiões em que ficamos realmente irritadas com algum comportamento do filho e obrigá-lo a comer todo o peixe para só então permitir que ele se retire da mesa é uma maneira de nos vingarmos inconscientemente. Quem porá em cheque o nobre dever da mãe zelosa que quer que o filho coma uma comida saudável? Nem a própria mãe! Por isso, a "vingança" nem chega a se tornar consciente e assume ares de "papel de mãe".

Resumindo a coisa toda (se é que é possível), é duro o papel de mãe: quando ele se faz necessário, é difícil exercê-lo face a identificação; quando conseguimos agir segundo ele, é importante ponderar sobre sua real necessidade/conveniência. Vida de mãe é mesmo como rapadura...

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sábado, 15 de outubro de 2011

DVD!

No dia das crianças fomos à Fnac para comprar os presentes próprios para o dia. A Mana estava certa que queria trazer um livro da Dora, a aventureira. Para o Dudu era um joguinho de carros para o XBox Kinect.

Resultado final: Mana trouxe um DVD da Dora em que ela é uma bailarina (será por quê?!) e o Dudu trouxe o jogo oficial da Fórmula 1 2011 para XBox (será por quê?!). E eu fui a mais feliz em poder escolher para os dois o DVD do Pato Fu, gravado no show em que nós fomos.

Obviamente que não faltaram livros. O Pedro trouxe para eles o livro das "Mil e uma noites" e já começou a ler com o Dudu (a Mana não aguenta muito ainda). Já há algum tempo que o Pedro lê livros mais extensos com o Dudu. Eles lêem um pouco, põem um marcador de página e continuam no dia seguinte. Eu acho isso particularmente bonito porque ler é dedicação e esforço também.

A Mana escolheu um livro pela cor: rosa! Tudo bem. O futuro te reserva muito mais!
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Semana da Criança

Em comemoração ao dia das crianças, a escola das crianças promove a semana da criança! Cada dia elas preparam uma atração diferente. Esse ano foi assim:

Segunda-feira: Teatro
Diferentemente dos outros anos, em que um grupo era convidado para contar ou encenar histórias, as próprias professoras encenaram uma peça. No caso, "O soldadinho de chumbo". A Mana ficou absolutamente encantada com a bailarina! Uma das professoras dela é bailarina clássica e a minha pequena descreveu em detalhes, com os olhos brilhando, todos os movimentos da bailarina. Essa mesma professora me disse no dia seguinte: "Sua filha nasceu para ser bailarina. Impressionante como os movimentos naturais dela são perfeitos para o balé!". E a mãe aqui sorriu feliz...

Terça-feira: Dia do Padeiro
Todo mundo fez pão - com cenoura e trigo integral. Uma lindeza. Mas só trouxeram suas produções gastronômicas para casa no dia seguinte porque os pães precisavam ser assados e devidamente embalados.

Quarta-feira: Aniversário do Teddy
O ursinho-mascote da escola fez aniverário. Teve bolo com recheio de morango e o Dudu me jurou que ele comeu! Para minha surpresa. Por que as crianças comem muito melhor na escola do que em casa, afinal? Eles trouxeram para casa o pãozinho feito no dia anterior e mais uma forminha linda de bolo, com um pacotinho de bolo Dona Benta.

Forma com furo para a Mana

Forma com fundo removível para o Dudu

Também veio uma folha com receitas de pães e biscoitinhos que eles fizeram.


Quinta-feira: Dia da Meleca
Um monte de bacias com tintas de diferentes cores espalhadas pelo pátio da escola para que as crianças pintem onde quiserem (chão, paredes...) usando o que quiserem (pincéis, mãos, pés, bumbum...). Dudu e Mana só falavam disso a semana inteira! Fizeram a festa!

Sexta-feira: Oficina de instrumentos musicais
A professora de música da escola é uma pessoa extremamente doce e serena. Acho que isso vai passando com a música. Vira e mexe eles identificam músicas que foram apresentadas a eles pela professora. Eles fizeram instrumentos nesse dia e trouxeram esses para casa:


Depois eu tive que me preparar para a semana seguinte (a do dia 12 de outubro mesmo) porque eu teria que inventar mil coisas para cada dia deles em casa também. Eles passaram essa semana sem aula. Haja criatividade!

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O fim que merece

E é isso que acontece quando se deixa um bloquinho de post it na mão de duas crianças (4 e 2 anos):

Foi feito pra isso, ora bolas!

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Kart


Que o Dudu adora carros não é novidade para mais ninguém que nos conheça minimamente. Que o Pedro e eu gostamos de manter nossos filhos em contato com tudo o que se relaciona aos seus gostos [e não só] também não. Foi por causa da conexão dessas duas coisas que estivemos há dois finais de semana no Kartódromo Internacional da Granja Viana.


Há algum tempo andamos procurando opções para ele experimentar uma volta de kart, ainda que fosse naqueles babykarts para ir junto com o pai. Infelizmente [ou felizmente, dependendo do ponto de vista...rs], não encontramos este último tipo e nem há por essas bandas kart para crianças de 4 anos. Ele vai ter que esperar mais uns dois ou três anos para sentir essa emoção. Haja coração! [como diria um famoso locutor de corridas].

Mas... nada nos impede de ir assistir corridas de kart! Assim ele pode se familiarizar com o ambiente, a gente pode perceber se ele se acostuma com aquele barulho, dá pra ir aprendendo com a corrida dos outros e é sempre um toque de realidade em contraposição às corridas no PlayStation e às corridas de Fórmula 1 pela televisão [e pela internet - sim! ele revê todas as corridas e os melhores momentos pela internet depois que a corrida acaba! pois eu não estou dizendo que ele adora carros???].




Nesse kartódromo tem um café e uma esplanada, com vista para a pista, que nos pareceu bem agradável. Vamos ver se conseguimos ir um dia para almoçar e ficar por lá de olho na movimentação dos pilotos na pista. É legal ver as disputas nas curvas, as escapadas dos pilotos, as batidas. Acho que é bom para o Dudu perceber que não é fácil guiar um "carro" em condições reais de disputa.

Confissão: nada disso é fácil para o meu coração de mãe!!! Mas...

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sábado, 8 de outubro de 2011

Ciranda das Flores

Voltamos ao Teatro do Centro da Terra na estréia da peça Ciranda das Flores (01 de outubro). A história me pareceu bonita [embora pudesse ser mencionado no resumo o quanto eles exploram as cantigas populares] e a classificação me chamou a atenção: 3 anos. Eu não gosto muito de classificações para teatro infantil. Acho que isso só se justifica quando há algo muito específico no espetáculo que não torne possível a participação de crianças menores - como no caso d'O Ilha do Tesouro, que eu já mencionei aqui, em que as crianças se separam dos pais. No mais, não há motivos para que uma criança bem pequena ou mesmo um bebê não usufrua da experiência. Eles vão aproveitar da maneira que lhes for possível. Não é assim com os adultos também em espetáculos adultos?!

Bem, a classificação me chamou a atenção por ser raro encontrar espetáculos com classificação tão baixa. E isso me deixou curiosa. Compramos os ingressos e fomos. Que fofura! É uma história bem singela, mas percebe-se que tudo foi feito com carinho ali. Não há grandes produções. Além disso, as cantigas populares dão o tom e encadeiam as diversas histórias contadas ali. Histórias simples, sem grandes pretensões, deixando tudo muito leve, gostoso. As crianças gostaram. Foi um finzinho de tarde agradável. Quando a gente chegou em casa, o Dudu falou na cozinha: "Eu gosto de teatro e de cinema". E eu gosto de você, meu gatinho! De você e da Mana!

Fonte: www.centrodaterra.com.br

As musiquinhas são tão gostosas que eu me peguei cantando várias delas durante o espetáculo e só percebia porque as crianças me olhavam achando graça.

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Complexo de Inferioridade?

O preferido!

O Dudu é absolutamente vidrado em carros. De todos os tipos. Descobriu há tempos um jogo de carros do PlayStation do pai [Gran Turismo 4 ou, simplesmente, "jogo dos carros brancos", como ele diz] e, desde então não parou mais de jogar. Ele sabe o nome de todos os carros do jogo, as cores disponíveis para cada um, a melhor pista para correr com eles (se na terra, no asfalto, pista de cidade, na neve e tudo o mais que for critério de avaliação), conhece todos os circuitos, sabe quais carros são mais "fortes" e quais são mais "fracos", sabe quais carros quer "comprar" e sabe muito bem ganhar uma corrida, o danadinho!

Tem horas que fico mesmo muito admirada com a rapidez com que ele toma o primeiro lugar, saindo do último. Brinco chamando ele de "Chick Hicks", a personagem do filme Carros que bate em todo mundo para ganhar. É que o Dudu entra bem agressivo na largada e nas curvas e já se posiciona sem deixar espaço para o adversário. Cansei de chegar em último em corridas que ele chega em primeiro com folga.


A gente [o pai] acabou comprando outros jogos para ele poder experimentar e ir aprimorando a técnica. Muito bonitinho quando ele faz uma boa corrida e chega em primeiro e quer ver as cenas da corrida. Fica lá comentando, apontando as manobras que fez e as tentativas do adversário. 

E eu fico aqui pensando como esses gostos e preferências vão se configurando na cabeça e no coração da gente porque eu nunca dei ênfase às corridas e aos carros. Foi algo muito natural no Dudu. Ninguém fica explicando qual o carro melhor para a terra... ele ouve um comentário aqui, outro ali, observa os carros que estão na pista nas chamadas de início do jogo ou na própria contracapa... sei lá! Só sei que ele vai absorvendo informações e vai usando a seu próprio favor. Sim, porque experimenta escolher um carro melhor que o dele para você ver se ele não reage e pede para vc mudar?! Ou muda sutilmente o dele para outro melhor...

Semana passada ele queria jogar o "jogo das motos" [o primeiro da direita na foto acima] e eu estava tratando de algumas coisas urgentes na cozinha. Ele não parava de me chamar para jogar. E eu, atarefada, disse para ele ir treinando [ ;) ]que eu já ia jogar com ele. Ao que ele me respondeu irritado:

"Eu não gosto de jogar sozinho. Eu sempre perco quando jogo sozinho!"

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Primavera

Chegou a primavera e eu resolvi mudar o enfeite na porta de entrada de casa. Fiquei com o tema óbvio da estação: flores! Usei papel seda de várias cores, uma caixinha de plástico de tomatinho do Mickey (foto ao lado), cola branca, cola quente, limpador de cachimbo de diversas cores.

Comecei picando muito papel seda verde em pedacinhos e passei cola branca na caixinha. As crianças iam passando a cola também e colando os pedaços de papel, passando cola por cima deles e colando de novo e vamo' embora! Logo eles começaram a passar cola nos papéis sulfite em cima da mesa e fazendo as suas próprias colagens, alheios ao meu processo criativo. Tudo bem. Segui com o acabamento da caixinha. Deixei ela toda forrada de papel verde.

Depois começamos a fazer bolinhas de papel bem pequenas para fazer as flores. Aí foi o caos! Eles desembestaram a fazer bolinhas e a nossa arte foi para o beleléu. Resultado: fiz 98% do enfeite sozinha, mas eles puderam mexer na cola e manusear o papel e fazer bolinha (exercício motor muito bom na idade deles) e criaram os próprios "desenhos" no papel. Quando eu terminei, ficou assim:

Já pendurado na porta

Adoro a aranha, que não deu pra ver direito na foto, mas tem até uma teia nela. Adoro a lagartinha verde no canto inferior esquerdo da caixinha... tão sutil...rs (dá até um certo nojinho de tão real que está...rs). Gosto da joaninha do lado direito (quem não gosta de joaninha?). Foi a Mana quem fez os pontinhos pretos dela. Gosto da abelha feita de limpador de cachimbo amarelo e preto enrolados com dois tufos de papel seda amarelo de cada lado. Tem um caracol bem ali atrás das flores roxa e vermelha.

Tudo foi fixado com cola quente e pus um pouco de papel seda verde picadinho para esconder a base das flores e dar um ar de matinho. Eu gostei e as crianças também disseram ter gostado. O próximo enfeite deve ser de natal, mas ainda vai demorar um pouquinho.

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mocinha

Desde a quarta-feira, 28 de setembro de 2011, minha Mana já não usa fraldas durante o dia... Ela estava com um pouco de diarréia (virose) e isso estava dando um trabalho para limpá-la... Então, conversei sobre como seria mais fácil de limpar o bumbum se ela fizesse coco no penico. E ela, que tem uma capacidade enorme de entender tudo o que eu digo, resolveu tentar. De lá pra cá nunca deixou "escapulir" nem um xixizinho. Sempre me avisa quando quer sentar no "troninho".

O trono!

Ainda bem que eu comprei esse penico na última viagem aos Estados Unidos. Ele é muito prático de limpar e tem esse assento de borracha que não machuca o bumbum. Ela fica lá sentadinha e me pede para contar a mesma história que eu sempre contei ao Dudu para mantê-lo sentadinho enquanto fazia o coco:

"Era uma vez um menino que estava brincando na quadra. De repente, começou a ventar. O vento foi aumentando, aumentando [vou bagunçando o cabelo imitando uma ventania], até que o menino encostou na grade da quadra [barulho e encenação de quem se estabaca na grade]. Uma folha de papel parou na cara do menino e o vento parou. Ele leu o que estava escrito no papel: "Venha até a pracinha". O menino ficou desconfiado e foi procurar o autor da mensagem. Chegando lá, ninguém veio falar com ele. Então, ele resolveu brincar. Quando estava descendo o escorrega, viu algo escrito: "Venha até o supermercado". Novamente, lá foi ele descobrir quem era. Mas ninguém falou com ele. Resolveu comprar um biscoito. Quando começou a comer, achou um papelzinho no pacote que dizia assim: "Venha até a padaria". Lá foi ele. De novo, ninguém falou com ele. Resolveu comer um pão de queijo. Deu a primeira mordida. Na segunda, um papelzinho bem no meio do pão. Abriu. Estava escrito: "Venha até a quadra". "De novo?", pensou o menino. Dessa vez ele foi chegando bem devagarinho. Ouviu um barulhinho de gente conversando [imito o som], que foi aumentando quando ele foi se aproximando mais [aumento o som também]. Até que quando ele chegou na quadra... Surpresa! "Parabéns pra você. Nessa data querida. Muitas felicidades. Muitos anos de vida. Viva o menino!". Estavam o papai, a mamãe, o irmão, a irmã, os primos, as primas, os tios, as tias, o vovô, a vovó, o outro vovô, a outra vovó, os amigos do prédio, os amigos da escola, as professoras, todo mundo para dar um abraço no menino." [fim]

Toda vez que ela vai ao banheiro, tenho que contar essa história (às vezes penso que poderia ter inventando uma história menor...). Em todas as vezes, ela fica com o olho arregalado curiosa para saber o final como se nunca tivesse ouvido a história antes (aí penso que tá de bom tamanho). Com o Dudu era a mesma coisa. Agora ele já vai sozinho e só me chama no final para o trabalho árduo: "Maaaaamããããeeeee".

Ela ficou tão empolgada com as calcinhas da Miffy que ganhou da Vovó Adelaide que queria dormir com elas. Achei melhor não tentar me aventurar por aí agora. Não tem necessidade de ser tão cedo assim a retirada da fralda noturna. Entretanto... na noite passada ela acordou de madrugada me pedindo para ir ao banheiro fazer xixi. Expliquei que ela estava de fralda e poderia fazer lá mesmo, mas ela não quis. Só no penico. Ok! Fomos ao banheiro e ela fez no vaso sanitário (com redutor). E a carinha dela de mocinha olhando pra mim enquanto fazia xixi?! Só quem a conhece sabe da carinha que estou falando...

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Segundo passo

Ouço muitas vezes as pessoas dizerem que algo aconteceu com elas para que pudessem ter aprendido determinada coisa. Eu penso ser o contrário... Acho que em cada experiência que temos podemos apreender um monte de coisas, mas só nos chama a atenção aquele aspecto a que estamos mais sensíveis.

Hoje posso lembrar de diversas situações em que poderia ter percebido que o melhor seria manter o Dudu na mesma escolinha por mais um ano, mas foi só no final do ano passado, quando fui informada de que talvez não houvesse vaga para o Dudu na escola que queria matriculá-lo, que essa questão da "necessidade" de mudança se colocou e eu pude refletir sobre ela. Ainda bem que isso aconteceu a tempo e ainda bem que eu me permiti a reflexão e, posteriormente, a mudança de opinião.

Ficou assim na minha cabeça: as escolas "grandes" (no sentido de que vão até o ensino médio) que me agradaram aceitam as crianças a partir dos 4 anos. Logo, o Dudu mudaria de escola com 4 anos. Infelizmente, não fiz grandes questionamentos sobre isso naquele momento. Essas duas escolas "grandes" me pareceram atrativas e igualmente interessantes.

Na primeira, havia atividades no currículo normal pouco usuais, como flauta doce e marcenaria. Olha que fofo! Normalmente, essas são opções extra-curriculares (quando oferecidas). Outro ponto positivo era a localização (importante em se tratando de uma cidade como São Paulo). Me chamou a atenção na reunião que eles fazem para apresentar a escola aos pais interessados, a maneira um tanto "seca" com que a diretora se relacionou com os pais e o "jeito" com que mostrou a escola - por momentos, cheguei a pensar que ela estava nos fazendo um favor. Entretanto, isso me pareceu um detalhe na ocasião. Até porque, 90% das crianças da sala do Dudu tinham irmãos mais velhos que estudavam nessa escola e as mães me diziam maravilhas sobre a filosofia de trabalho da escola.

A segunda escola visitada tinha uma área es.pe.ta.cu.lar; oferecia muitas opções em termos de arte e esportes - coisa que valorizo numa escola porque expande os horizontes dos alunos e, minha opinião, favorece um olhar mais objetivo e consciente para a função do estudo. Na reunião de pais para apresentar a escola, diferentemente da anterior, havia uma evidente preocupação em se dar a conhecer. Por outro lado, para chegar até esse "paraíso", há um dado de realidade fortíssimo: o trânsito! Implacável.

Bem, ficamos com a primeira escola. E ficamos esperando sermos chamados em outubro de 2010 para compor a classe do Jardim I de 2011. Porém, nada acontecia. Resolvi ligar e me informaram que o Dudu era o décimo oitavo na lista e que faltavam vinte vagas para serem preenchidas. Boa, pensei. Era só uma questão de tempo. Dez dias depois, nenhum telefonema. Liguei novamente. Faltava uma vaga e o Dudu era o oitavo da lista! Alerta vermelho!!! Que espécie de matemática era essa que eu não conhecia??? Diante dessa situação, o Pedro e eu passamos a pensar em outras possibilidades. E é aí que está todo o encanto das situações que geram instabilidade: dão um frio na barriga, geram muita apreensão, nos fazem pensar que não temos saída e que aquele é o fim e, com isso, fazem a gente pensar, provocam, nos tornam mais conscientes das nossas vivências.

Comecei a repensar as escolas que visitamos, pude olhar com mais cuidado para as impressões negativas que tive da primeira escola, revisitei a segunda escola, conversei com mais calma e com um olhar mais crítico com a diretora da escola do Dudu, consegui perceber o óbvio, que as escolas aceitavam crianças a partir dos 4 anos, mas o meu filho não precisava ir pra lá com essa idade, refleti sobre o que seria melhor para o Dudu - o desafio de uma escola nova com outras exigências para as crianças ou a segurança da escola pequena a que ele já estava habituado... refiz todo o processo de escolha da escola mentalmente.

Numa das ligações que fiz para a escola para falar sobre a possibilidade da vaga, falei da minha preocupação com o fato de toda a sala do Dudu, praticamente, ter ido para essa escola e que ele não acompanharia o grupinho. A funcionária da escola ficou apreensiva com essa informação e perguntou qual a escola do Dudu. Quando respondi, ela se mostrou bastante preocupada e alegou que os alunos dessa escola têm prioridade lá e que ela não tinha essa informação da escola de "origem" - o que sinalizava para a qualidade da escola em que o Dudu estava. Entretanto, se nesse dia não havia vaga para o Dudu, contrária a universalidade da matemática, no dia seguinte, milagrosamente, ops!, surgiu uma vaga para ele. Em outras palavras, primeiro a escola "passou" crianças na frente do Dudu, depois passou o Dudu na frente de outras crianças. Seria esse o tipo de escola que queria para o meu filho? Recusei a vaga. Disse que tinha decidido matricular a minha filha na mesma escola em que o Dudu estava e que seria mais fácil mantê-lo lá também. No próximo ano decidiria a mudança. Acho que ela não gostou, mas eu gostei muito.

Fiquei pensando no Dudu... achei que seria importante para ele continuar naquela escola que eu gostava tanto e que sei que ele também gosta, se sente bem. Achei que seria importante para ele ficar na sala dos "grandes". Achei que seria importante para ele ser um dos mais velhos da turma e poder desfrutar da segurança e confiança dessa posição. Achei que seria importante para ele descobrir novos amigos e entrar em contato com os amigos que ficaram na escolinha também e que ele não teve oportunidade de brincar no ano anterior. Enfim, em 2011 o Dudu continuou na mesma escolinha tão querida! As conversas com a diretora dessa escola me ajudaram muito nesse processo - lúcida, sensível e cuidadosa.

Nos dois primeiros dias de aula, ele ficou um tanto quieto e meio tristonho... perguntou dos antigos amigos... não queria que eu fosse embora da sala quando ia deixá-lo lá... fiquei com o coração na mão... Será que tinha feito a coisa certa? Quanta dúvida e culpa... No final dessa mesma semana, fui buscar o Dudu na escola. Ele estava brincando no jardim. Sorria. Era um sorriso confiante e seguro. Comentei com a professora e a diretora, que me disseram terem tido a mesma impressão. E foi assim durante o ano. Acho que ele adquiriu mais autonomia na escola, mais confiança em si mesmo, fez novas amizades - com amigos do ano passado e com crianças recém chegadas. Fiquei muito satisfeita e feliz pela decisão. Essa é uma boa sensação.

Acontece que agora é hora do próximo passo, até porque onde ele está já não há turmas para os 5 anos. Vendo essa evolução do Dudu, me sinto também mais confiante na decisão de levá-lo para outra escola. Acho também que mesmo que o mantivesse onde está, ele iria para outra escola com 6 anos, no início do processo de alfabetização - hora não muito propicia para mudanças desse porte.

E para onde ele vai? Para a segunda escola! Durante esse ano, também eu descobri novas mães, avaliei com mais segurança as escolas que tinha em mente, parti de outra base de comparação - agora eu tinha um dado bem objetivo e pessoal sobre a primeira escola. Ouvi outras versões não muito favoráveis sobre a primeira escola e tive boas referências sobre a segunda - de ex-professoras de lá, de ex-alunos e de mães de crianças de lá. Visitei novamente a escola com o Dudu. Concluí que a escola enfatiza vários aspectos do desenvolvimento - tem uma formação curricular sólida, reconhecida internacionalmente; se preocupa com a inserção do aluno no mercado de trabalho; oferece várias oportunidades consistentes nesse sentido; mas também é referência nas artes (tem um dos melhores teatros da América Latina); e tem uma estrutura excepcional para os esportes, com destaque também nessa área. Minha sensação com isso é que estou ampliando os horizontes e as possibilidades para o Dudu.

Fiz a matrícula em setembro. Levei o Dudu para uma vivência que avaliaria o nível de alemão dele para podermos decidir se o melhor para ele seria o currículo brasileiro ou o currículo alemão. Estou aguardando essa resposta com muita tranquilidade. Depois registro aqui o resultado - que não precisa ser definitivo, uma vez que, como me garantiu a escola (e as ex-professoras com quem conversei), se eles observarem a necessidade de mudança durante os anos seguintes, me comunicarão. Óbvio que o ideal é que isso não seja preciso, mas é bom saber que a escola não é rígida e está aberta às especificidades de cada aluno. Quem "me ver", verá!

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