quinta-feira, 17 de maio de 2012

Música Clássica

Tirei daqui
Estava eu procurando alguma atividade para fazer com as crianças no último final de semana quando me deparo com um e-mail do Auditório Ibirapuera na minha caixa postal. Fui ver as atrações em destaque para o mês de maio e o que vejo: Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim - matinê para crianças no sábado, 12 de maio, às 16 horas - entrada gratuita - ingressos distribuídos na bilheteria do Auditório. Boa! No dia seguinte fui até lá e retirei os ingressos.

Bem, a Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim é considerada uma das 10 melhores do mundo e ia apresentar o "Quebra-Nozes": que oportunidade bacana que teríamos! E tivemos! 

Essa apresentação está inserida no projeto Morzateum, que eu não conhecia e passei a conhecer. Depois que os músicos entraram e se posicionaram, o apresentador passou a explicar todas as componentes da orquestra - instrumentos e função - pedindo para que os músicos tocassem um pouquinho cada instrumento para que as crianças identificassem o som. Foi bem didático e interessante. 

Depois entrou o maestro Vladimir Ashkenazy, muito simpático, e o apresentador narrou a história do Quebra-Nozes. Assim que ele saiu: música! Muito bonito. A Mana não parava quieta e a gente tinha sempre que pedir para ela falar baixo porque ela não parava de apontar para uma musicista brasileira que tocava viola e foi apresentada ao público no início do espetáculo. Toda hora a Mana: "Mamãe, aquela ali é do Brasil", "Mamãe, aquela ali é brasileira", "Como é mesmo o nome do instrumento dela?". Num determinado momento, ela identificou uma música que a Barbie dança no filme "Barbie e o Quebra-Nozes" (acho) e lá foi ela dançar balé em pleno auditório durante a apresentação da orquestra!!! Barbie também é cultura, afinal! E a Mana só quer ser feliz!

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Teatro para bebês e origami

Há dois sábados, levamos a Mana no Sesc Pinheiros para assistir um espetáculo de teatro para bebês. É do grupo Sobrevento. Chama-se "Bailarina". Fomos e não tinha mais ingressos, apesar da informação de que eles seriam distribuídos 1 hora antes do espetáculo e faltarem exatos 60 minutos para o início do espetáculo. Outros pais presentes estavam com a mesma dúvida que eu: "Como assim, Bial?". Explicação: o espetáculo foi incluído na Virada Cultural, que ocorria naquele final de semana em São Paulo, e os ingressos foram distribuídos no dia anterior. Sem grandes anúncios e sem a correção da informação no site. Alguns minutos depois, o responsável pelo projeto resolveu distribuir ingressos aos pais presentes.
Fonte: www.gruposobrevento.com.br

Espera um pouquinho e já deu a hora. Nos acomodamos junto com os outros bebês e pais. Começa o espetáculo. Devo dizer que as crianças ficaram atentas, era bonitinho e tal. A Mana prestou atenção o tempo todo, tapou os ouvidos na hora que a atriz se aproximou dela com alguns colares na mão para ela ouvir o barulho e vibrou com a caixinha de música (tenho que comprar uma para ela!). Mas... dizer aqui que o espetáculo é bom, não vou dizer, não... o tema é fácil e ajuda (como errar com bailarinas?), mas o espetáculo carece de mais "sustância" no meu entendimento. De qualquer forma, é um programinha para os bebês.

Depois que terminou, aproveitamos para almoçar no próprio Sesc Pinheiros. Comidinha honesta. O Pedro descobriu, enquanto eu estava com a Mana no teatro, que ia ter contação de histórias e seguimos com as crianças para ouví-las. Já tinha começado. A contadora estava devidamente caracterizada de gueixa e contou duas histórias populares do Japão, aproveitando para ensinar algumas palavrinhas em japonês para a audiência. Muito simpática a moça. No fim, fizemos origami. O Dudu se empolgou bastante e fez tudo direitinho. A Mana guardou os papéis para fazer em casa. Como eu ia fazendo ao lado do Dudu, dei os que fiz para ela no final.

Estávamos já saindo quando a Mana pediu para voltar e fazer uma pergunta para a contadora de histórias. Lá fui eu. Pergunta: "Você mora em Tóquio?". A Maninha é mesmo uma fofurinha!!!!!! A senhora ficou toda sorridente, contou que os pais dela é que moravam em Tóquio e que ela já foi lá algumas vezes mas que morava aqui no Brasil. Fomos embora com a Mana toda satisfeita repetindo mil vezes que Tóquio é a capital do Japão. Então tá "bão".

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Urgência da vida

As crianças estão aí para nos alertar o tempo todo para a "urgência da vida"! Ela não acontece ontem, nem amanhã. Ela acontece agora. E, ironicamente, eu aprendi isso a partir da morte.

Não importam as dores que os nossos ombros carregam... agora é hora do banho! Vamos jantar! Todos para o banheiro para escovar os dentes. Qual história querem ler para dormir? Toma sua mamadeira e eu copo de leite. Já fez xixi? Durmam bem. Hora de acordar. Sua mamadeira de novo. Vem tomar seu leite! Quem vai trocar de roupa primeiro? Vai colocar seu sapato. Quer ajuda? Já arrumei sua lancheira. Quem vai escovar os dentes primeiro? Deixa eu lavar seu rosto e pentear o cabelo. Todo mundo já calçou os sapatos? Ponham os casacos. Esse não que está sujo. Vou pegar outro. Pegaram as mochilas? Senta direito que tenho que colocar seu cinto. Depois venho buscar você na escola. Sentem na mesa que é hora do almoço. Não quero brincadeira agora. Venham para a mesa. Só mais 3 colheradas. Agora uma fruta. OK, você pode comer a sua fruta no lanche da tarde hoje. Vão brincar. Vou fazer feira. Nada de briga. Pede desculpa para sua irmã. Empresta para seu irmão um pouquinho. Cuidado que essa brincadeira pode machucar. Quem vai tomar banho primeiro hoje? Arrumem seus brinquedos. Vem que mamãe põe gelo e dá um beijinho para passar. O papai já vai chegar. Quem quer desenhar antes de dormir? Eu jogo o jogo do circuito com vc.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pai

19 de janeiro de 2012... eu ainda não achei as palavras... ainda não sei lidar com isso...

Eu vivi tudo de mais bonito, genuíno e sincero que uma filha pode viver com uma pai. Tudo o que cabe nessa relação eu vivi! Foi forte, seguro e intenso. Ele foi um pai presente, participativo e amoroso. E, ao longo da minha vida, eu sempre tive a exata consciência disso. Qualquer que fosse essa data, sempre seria cedo...

O único consolo que pode haver diante dessa situação é poder olhar para trás e não ter nada a reparar, nenhum arrependimento, nada por fazer. Fui plenamente feliz como filha dele e acho que nunca dei motivos para que ele se envergonhasse ou ficasse decepcionado comigo. Lógico que fiz coisas que devem o ter deixado triste e/ou irritado, como toda criança e adolescente faz. E ainda bem, porque isso é algo natural das relações (de qualquer relação) e é o que garante a verdade delas. Em tudo: sempre o respeito.

O difícil é conviver com o presente e o futuro sem ele... sem a sua presença espirituosa, sem sua jovialidade, disposição, bom humor, brincadeiras... sem sua sabedoria, paciência infinita, segurança, proteção, seu equilíbrio, sensatez... sem sua curiosidade instigante que contagiava, suas tiradas, suas idéias e suas soluções criativas... sem o seu carinho, seu cuidado, sua preocupação silenciosa com detalhes, sua atenção, seu amor... sua generosidade e exemplo de vida... ele sabia muito sobre a vida e sobre o que é realmente importante... os livros que ainda tínhamos para ler... os programas que íamos fazer... as viagens... as comidas... as conversas... os abraços... tantos planos eu tinha...

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Cada família tem seus códigos próprios. Esse blog deixa nas entrelinhas os códigos da minha família, daí o nome que escolhi para ele. Os meus códigos familiares têm raízes profundas e bem fincadas no solo porque vêm dele, do meu PAI.

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O braço dele por trás das minhas costas segurando o meu braço do outro lado e a gente caminhando e conversando... assim, juntinhos... de repente, upa! A perna dele levantava para o lado e me levantava junto! Meu grito de susto e a risada gostosa e sincera dele!

Sentada no sofá ao lado dele sentindo todo o carinho da mão grande e grossa do trabalho coçando a minha cabeça enquanto a gente assistia qualquer coisa na TV...

Ele chegando perto de mim, não importasse o que eu estivesse fazendo, para falar das últimas conclusões sobre um tema qualquer: de física quântica à bíblia, passando por OVNIs e política... ou só contar uma coisa engraçada que aconteceu naquele dia.

Deitada na cama dele ou no sofá da sala lendo em voz alta um livro novo com um tema interessante... e parando a cada frase que nos surpreendesse... ele abria bem os olhos e levantava as sobrancelhas... Ou.... eu parando a leitura para saber se ele já tinha dormido: "Pai, vc está dormindo?". "Hum?" (assustado). "Pai vc estava dormindo???" (indignada). "Não. Não estou, não". "Então o que eu li por último?". Às vezes ele respondia certo... em outras, se enrolava todo... "Pai, vc já estava dormindo!! Nem ouviu!" (indignada). "Filhota, sabe o que é? É que o pai tá cansado demais hoje" (dizia isso com todo o cuidado para não me magoar por não ter conseguido ficar acordado).

O picadinho de chuchu e o arroz, feijão e bife temperadinhos que eu fazia e ele gostava tanto... eu caprichava no alho e cebola...

Os passeios no clube quando era criança...

As idas para a "roça" indo ver as plantações dele no trator...

As invenções dele compartilhadas com a gente...

Nossas brincadeiras de esconde-esconde quando ele chegava da "roça" extremamente cansado, sujo, com o cabelinho branco bagunçado e a disposição de quem acabou de acordar de um sono longo e reparador... rolava no chão, jogava a gente pra cima, se escondia em cima do guarda-roupa (exatamente! em cima do guarda-roupa! imagine o que é isso para uma criança!!! nunca vou esquecer da minha felicidade por encontrá-lo ali depois de um tempão procurando!!!), depois deitava no chão (como quem deita num colchão de plumas), esticava o braço para a gente colocar a cabeça em cima usando de travesseiro e conversava... perguntava do dia, da semana, da escola...

A noite inteira acordado comigo quando eu tive rubéola e me coçava inteira, desesperadamente.

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Me faltam palavras porque tudo o que eu penso em escrever sempre é pouco... é nada diante do que é...

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Divertido. Professor Pardal. Culto. Sonhador. Filho. Caprichoso. Irmão. Compreensivo. Leitor. Crítico. Marido. Pesquisador. Amigo. Trabalhador. Conselheiro. Criativo. Amoroso. Inventor. Sogro. PAI. Lindo. Feliz. Sábio. Paciente. Carinhoso. Tolerante. Alegre. Tricolor. Generoso. Brincalhão. Inteligente. Humano. Aventureiro. Avô. Pensador. Técnico. Tio. Presente. Cunhado.

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Quando o Pedro disse, naquela noite, para as crianças que o Vovô Carlos tinha morrido, o Dudu (5 anos) olhou assustado para ele: "Morreu?". O Pedro confirmou. Dudu nada mais disse. Sabia, intuitivamente como toda criança sabe, que aquilo era algo forte e definitivo. A Mana me olhou sentada no sofá ao lado deles - olhos vermelhos, chorando, desolada - e não disse nada. Sentou no meu colo, virada de frente para mim, as perninhas ao redor do meu quadril, me abraçou. Depois colocando as mãos no meu rosto: "Mamãe, fica feliz que o vovô está bem". "Mamãe, eu te amo e vou ficar com vc para sempre". Por várias vezes repetiu isso, me fazendo carinho e me beijando. O silêncio e as palavras das crianças...

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