Na sequência do processo de escolha da primeira escola para o Dudu, escrevi esse outro texto. É perceptível o quanto a ironia e agitação do primeiro texto vão cedendo espaço para uma tranquilidade e segurança ao longo desse. Como aconteceu aqui dentro de mim...
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"Ufa! Encontrei a escola que procurava. O caminho foi longo até chegar a ela, mas valeu a pena. Pela primeira vez, não senti a angústia que me acompanhava sempre que pensava que o meu pequenino ia para a escola. Acho que este é o melhor dos critérios. Determinante mesmo. Tomei a decisão hoje com confiança e segurança. Certa de que é isso que procurava. É uma sensação de alívio e tanto. Por isso, o 'ufa' do começo. Alívio porque não vou ter de me submeter a nenhuma escola por 'falta de opção melhor'.
Depois da primeira rodada decepcionante de visitas, decidi melhorar o filtro de pesquisa. Descartei escolas que não fossem bilíngues. Fiz uma busca na internet focada no alemão porque acho que é um idioma interessante para se aprender cedo: tem uma outra estrutura linguística, em relação às línguas latinas - o que pode representar muito em termos cognitivos, especialmente aos dois anos. Encontrei na internet outras duas escolas alemãs (já havia visitado uma, mas não havia vaga no currículo alemão). Gostei das duas, porém as duas são distantes. Não há remédio para esta questão. Vou ter que encarar o trânsito com meu pimpolho de qualquer forma. Já comecei a pensar em diversas formas de distração durante as 'viagens' matinais. Ocorre que isso só acontecerá daqui a dois anos, porque ambas as escolas só aceitam a partir dos quatro anos. Deixei reserva feita nas duas e prossegui com minha saga! Lembrei de pedir, nas duas, indicações de escolas alemãs para a idade dos 2 aos 4 anos. De posse de uma lista, marquei visitas de caráter exploratório.
Na primeira escolhinha: desespero! Uma casa com ares de abandono; montes de crianças apinhadas numa sala pequena com uma mesa que ocupava todo o espaço; papéis por todos os lados, supostamente representando os 'trabalhos' das crianças. Todas ficavam juntas nessa sala. Não havia divisão por idade, por nada. Não que eu seja a favor da segregação, mas cada faixa etária demanda um mínimo de interação e intervenção específicas... Definitivamente meu filho não ficaria ali. Ninguém leva um filho naquela escola, no máximo, larga ele lá.
Visitei outra e a impressão não foi muito diferente... Pânico! Não existe uma escola decente para esta idade, com espaço minimamente digno para crianças, que pelo menos nos desse a ilusão de segurança e confiança??? Por um momento cheguei a pensar na possibilidade de deixar o Dudu em casa até os 4 anos... Foi então que liguei para um outra escola da lista. Quem atendeu do outro lado foi uma pessoa calma, solícita, que conversou pacientemente comigo, explicando em detalhes o que eu perguntava. Esperança. Marquei para o outro dia pela manhã. Nem queria mais marcar outras tamanha foi a esperança que me abateu, mas como a próxima escola da lista ficava na mesma rua dessa, achei que não custava nada marcar uma visita na sequência.
No outro dia, bem cedo, fui toda faceira! E minhas expectativas foram atendidas! Logo de cara, adorei o espaço. Era uma casa que não dava a menor pinta de ser jardim de infância para quem passava na rua. Era uma casinha reservada. Não havia gritaria de crianças ensandecidas... não havia sensação de desordem e sujeira nos trabalhos expostos na parede, mas uma sensação de aconchego, de valorização... tudo muito organizado, calmo... um quintal muito bem cuidado atrás da casa, com bichos, caixa de areia (de verdade e não um quadradinho no chão só pra não dizer que não falei das flores), balanço, parquinho, graminha bem aparada, pato, coelho, galinha... as várias galochas coloridas das crianças numa prateleira na entrada do quintal para os dias de lama foram o golpe fatal neste coraçãozinho já amolecido. Não resisti e confessei para a diretora que tinha uma escola para visitar saindo dali, mas que a escola dela me convenceu. Tinha alguma coisa ali... um cuidado... significado. Gosto disso. Gosto quando as coisas não parecem estar ali só para estarem, tem uma história por trás, uma intenção. Foi isso o que senti.
A escola seguinte se revelou boa... uma boa segunda opção. A matrícula foi feita na outra semana. Levei meu filho. Ele ficou envergonhado quando todos olharam para ele. A primeira escola alemã que visitei, a tal que não tinha mais vaga no currículo bilíngue, me enviou um e-mail pedindo uma posição sobre a reserva que fiz no currículo brasileiro (fiz por precaução... não sabia o que viria). Respondi agradecendo a atenção, dizendo que gostei da escola, mas que queria mesmo que meu filho tivesse alemão desde já (e não aos sete anos). Recebi ligação no mesmo dia e senti que só não ofereceram a vaga no currículo alemão naquela hora porque ficaria muito feio, já que eles haviam afirmado e reafirmado na visita que não havia nenhuma hipótese de vaga neste currículo.
A grande verdade disso tudo é que os critérios racionais nos guiam por um caminho, estabelecem parâmetros, eliminam opções... mas, no final, é a emoção quem decide. Meu coração já estava naquela escola porque eu, pela primeira vez em todas as visitas que fiz, consegui imaginar o Du lá... sentadinho fazendo trabalhos manuais, brincando no parquinho, lanchando e distribuindo seu sorriso tão lindo.
Duro vai ser recomeçar o processo quando ele tiver que sair aos 4 anos... Quando chegar lá, eu penso nisso.
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Nossa, que bom que encontrou...bjs
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