quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mana

Escrevi o texto abaixo pouco tempo depois da Mana nascer. Era um registro desse momento tão único na vida de uma mãe. Embora saiba que o registro afetivo nunca vai se apagar aqui dentro de mim, não custa nada registrar a sucessão de acontecimentos. Para mim e para eles, meus filhos.

Publico esse texto hoje porque minha gatinha completa 2 anos. A minha querida Manuela, de olhar atento, minha menina passional e intensa, forte, inteligente, que não finge o que sente, que diz, que faz e que sabe-de-TUDO-o-que-se-passa-a-sua-volta.

Porque te amo, filha.

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Segunda-feira, 13 de julho de 2009, 20:28hs: ela está no meio de nós!

Foi lindo como deveria mesmo ser! Ela é linda, como eu sabia que seria! Minha espera interminável foi recompensada com dois olhinhos muito vivos, mãozinhas que não paravam de mexer e um chorinho discreto mas que anunciava que a felicidade estava no ar!

Tinha acabado de chegar de uma consulta de rotina para monitorar batimentos cardíacos do bebê e contrações. Estava com 2 centímetros de dilatação. Uma amiga estava em minha casa para colocarmos o papo em dia e eu sentindo pequenas contrações no pé da barriga e nas costas. Há uma semana e meia passei a noite no hospital porque estava com muita tosse, o que acabou estimulando contrações. Fiquei internada naquela noite somente porque estava muito gripada e a médica e enfermeira obstetriz acharam mais prudente que eu ficasse em repouso. Mas dessa vez, embora não estivesse preocupada, achei e comentei com a amiga que poderia ser naquela noite... Mas nunca imaginei que fosse tão rápido!

Eram seis e pouco da tarde quando resolvi ligar para a enfermeira obstetriz para falar sobre a dorzinha incômoda. Ela achou melhor que eu tomasse um banho de banheira de meia hora com água bem quentinha, já que as contrações não eram na barriga toda. Pedi licença para minha amiga, enchi a banheira e deitei... A primeira sensação foi de alívio total da coluna. Meio segundo depois, dores fortes na barriga. Barriga ficando dura. Não dava mais para permanecer na banheira tamanha eram as dores! Saí de lá e liguei para a enfermeira novamente:

Eu: Não consigo ficar na banheira! Mal deitei na banheira, veio uma dor tão forte... Aaaaaaaahhhhhh!!!! Tá vindo outraaaaaaaaaaa!
Ela: Karol, vai AGORA para o hospital. Seu primeiro filho nasceu muito rápido... vai AGORA. Vou ligar para o hospital e avisar a equipe médica.

Liguei para o Pedro:

Eu: Vem AGORA. Vai nascer!

Uma eternidade depois (ou 8 minutos depois) o Pedro chegou. As dores estava muito intensas. Fomos para o carro rapidamente e no trajeto até o hospital pegamos todos os sinais fechados! Muito trânsito, mas pelo menos andava. Meu marido com pisca-alerta ligado e buzinando não conseguia amolecer o coração de nenhum carro a nossa frente. Ninguém se manifestava. Ainda bem que era um caso de vida. Se fosse um caso de morte....

Nem posso imaginar o que passei naqueles minutos até o hospital dentro daquele carro. A dor vinha muito forte e eu sentia a bebê empurrando a cabeça. O Pedro sempre tentando me acalmar, conversando. Lembro que ele me perguntou várias vezes qual era a entrada da maternidade. Na quinta vez que ele perguntou, eu respondi: "Pára de perguntar isso. Não consigo responder com tanta dor!". Lá foi ele inventar outras coisas para ir falando na vã tentativa de me distrair - como se isso fosse possível! Há duas quadras do Einstein eu falei: "Vai nascer no carro". Foi a senha para o Pedro se desesperar: "Não fala uma coisa dessas. Já estamos chegando!". E até chegarmos ao hospital ele só repetia isso: "Já estamos chegando. Pronto, fizemos a curva. Já estamos chegando. Estamos no meio da quadra. Já estamos chegando. Falta pouco para a entrada da maternidade do hospital" - e assim por diante.

Quando chegamos finalmente ao hospital, tudo foi muito rápido. Me levaram até o centro obstétrico (caminho que eu já conhecia) e lá chegando já havia uma equipe me esperando. Anestesista inclusive, para minha sorte. A enfermeira avaliou a dilatação: 8 centímetros. 8 centímetros!!! Estava quase lá.

Não sei como consegui me posicionar para a anestesia... Mas lá foi ela. Um brinde ao inventor da anestesia!!!! Lembremos inclusive daqueles pioneiros bem intencionados que davam bebida alcólica para os pacientes que seriam operados ou teriam um dente arrancado. Graças a eles eu pude chegar ao nirvana mesmo estando com dores de 8 centímetros de dilatação!

Depois ficamos numa conversa trivial: eu, meu marido, a enfermeira, o anestesista... Comentei o quanto tinha sido rápido o meu primeiro parto. Depois de tomada a anestesia, tive 6 centímetros de dilatação em 1 hora. A enfermeira ouviu aquilo e discretamente avaliou a dilatação. Silêncio. Ela pega o telefone e liga para a médica num diálogo monossilábico. Eu já tinha entendido: estava na hora.

Fui levada imediatamente para a sala de parto. Enquanto me posicionava, minha médica chegou brincando que da próxima vez teria que alugar um helicóptero. Pausa para esperar a chegada do pediatra e da equipe de vídeo. Eles chegaram. Fiz força: uma... duas... três... Nasceu! Ouvi o seu chorinho e já pude sentir sua carinha. Depois ela foi colocada nos meus braços. Que momento lindo, mágico e especial. Naquele momento, só existe você e ela! Só.

Ao contrário do irmão, tinha cabelos! E pretos. Bem pretinhos. Mas assim como o irmão, tem o mesmo olho vivo. Era grande: 3,390 quilos e 51 centímetros. Apgar 9 e 10. E é minha! Um pedaço de mim, do meu coração, nos meus braços.

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