segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Imagine a cena

Estava eu saindo da escola com a Mana. Ela toda serelepe, dando os pulinhos de costume. Eu perguntando do dia e cumprimentando as outras mães que chegavam para buscar os seus pimpolhos e tal, quando vem em nossa direção um pai do coleguinha da Mana.

Ao nos aproximarmos, eu, ingênua e inadvertidamente, digo "olá!" para o pai e voltando-me para a Mana:

- "Olha, Maninha, o pai do fulano, seu amiguinho".

Eu sorrio. O pai do menino sorri de volta olhando para a Mana com ar simpático. Seguiríamos cada qual o seu caminho não fosse a autenticidade e espontaneidade das crianças, algo acima de toda a previsibilidade social dos adultos.

Quando a Mana olha para o pai do amigo e o identifica, vira-se para mim e começa a falar algo que o pai ainda sorridente se concentra para ouvir. A Mana diz, então, com toda a carga dramática de quem revive em detalhes uma experiência passada:

- "Mamãe, o fulano chegou perto de mim hoje e... e... pum! [ela faz um movimento brusco e forte contra o seu próprio ombro] me deu um empurrão aqui. Aí, eu... eu... pá! [se desequilibra dando alguns passos para trás e cai estatelada de bunda no chão, bem em cima de umas pedrinhas que havia no chão ainda por cima] caí no chão. Aí, eu... eu chorei muito porque doeu. Aí, a Tante falou para o fulano me pedir desculpa, mas ele não pediu [ênfase para a parte do menino não ter pedido desculpa]."

A cena foi recriada com tanta minúcia e sofrimento que as nossas feições, minha e do pai do menino, foram se alterando gradativamente, passando do sorriso a um meio-sorriso, depois a uma expressão de compartilhamento da dor e compaixão. No final, olhei para o pai e ele não sabia onde enfiar a cara, completamente sem graça. A resconstituição do crime era a prova única e cabal da sua existência e veracidade.

O pai ainda soltou um pedido de desculpa, disse que falaria com o filho, que isso não se faz com uma mocinha tão bonita como a Mana e mais não sabia o que dizer, tadinho... Passada a situação desconsertante pós-encenação e depois de conversar com a Mana sobre o ocorrido, confesso que dei gargalhadas por dentro (para ela não perceber, né?!) lembrando da cara do pai!

A Mana é isso: autêntica e espontânea!

. . . . . . . . . .

3 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkk....minha nossa...essa menina eh um genio msm!! e vc com esse texto...minha nossa...só faço rir aki...to louca de saudades!!

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  2. Thá, foi uma comédia na hora... imagina a minha cara vendo a cena?! rs

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  3. imagino a sua cara depois isso sim....imagino o quão engraçado foi!! manu eh a melhor!!

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